O novo presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmou que a companhia vai manter o plano de investimento para 2011, de US$ 24 bilhões. Ele foi empossado no cargo nesta sexta-feira (20/5), último dia de trabalho de Roger Agnelli como presidente da empresa.
Ferreira garantiu que a companhia vai tentar cumprir esse valor, apesar de, em recente teleconferência com analistas, ter admitido que vem encontrando problemas em fazer os aportes na velocidade desejada, principalmente por conta da demora no licenciamento ambiental. De acordo com ele, todo o planejamento estratégico da companhia está mantido.
- O planejamento estratégico da empresa, assim como seu orçamento de 2011 estão mantidos. Que não haja nenhuma dúvida sobre a continuidade. Vamos fazer o nosso maior esforço para cumprir - disse Ferreira.
Ele disse que o orçamento aprovado pelo conselho de administração, de US$ 24 bilhões, está mantido.
- O que ocorreu é que nos primeiros meses do ano houve dispêndio menor, mas vamos trabalhar para que o dispêndio seja o aprovado - acrescentou.
Ele confirmou ainda que toda a diretoria executiva será mantida, com exceção da área de recursos humanos e negócios compartilhados, cuja diretora executiva Carla Grasso deixa o posto para a entrada de Vânia Somavilla, que sairá da diretoria de sustentabilidade.
Ferreira, que foi diretor da companhia até 2008, fez questão de dizer que sua saída da mineradora na época aconteceu apenas por conta do "fim de um ciclo" e não por causa de divergências. Agora, segundo ele, começa um novo ciclo, desta vez na presidência da empresa.
Questionado por conta de uma suposta carta que ele teria recebido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiando sua conduta contrária à aquisição da mineradora suíça Xstrata, Ferreira negou a existência de tal documento.
- Saí da Vale depois de 11 anos. Naquele momento considerei ciclo encerrado como diretor executivo e agora abro novo ciclo - ressaltou Ferreira, que era presidente da Vale Inco quando deixou a mineradora.
O novo comando da Vale confirmou que entende ser necessário continuar o desenvolvimento da Aços Laminados do Pará (Alpa) e a expectativa é de que o projeto seja apresentado ao conselho de administração da companhia ainda este ano.
- Em relação à Alpa, a Vale entende que é necessário. Achamos que tem muito mérito no projeto naquela área, tanto que há projetos de investidores locais de partir para laminação ao lado da siderúrgica. Estamos muito entusiasmados com esse projeto e queremos que ele vá à frente - afirmou o novo presidente da companhia, Murilo Ferreira.
O executivo fez questão de ressaltar que a "Vale é uma mineradora", mas ponderou que há demandas em todo o mundo para que as mineradoras tenham atuação também na siderurgia.
- Existe esse mesmo anseio fora do Brasil. Então, a gente precisa encontrar uma solução de consenso. Para nós, é extremamente importante ter um parque siderúrgico no Brasil, porque, quando se instala uma siderúrgica, passamos a ter um mercado interno consumindo o minério da Vale - frisou.
O presidente do conselho da Vale, Ricardo Flores, acrescentou que o objetivo será sempre criar valor para a companhia.
- Consideramos que é possível sim continuar trajetória de sucesso, de agregação de valor, e, ao mesmo tempo, ser bom para o país - disse Flores.
Em relação ao projeto da siderúrgica no Ceará, Ferreira minimizou o fato de a companhia ter entrado inicialmente como majoritária. Segundo ele, muitas vezes a empresa entra com a maior participação e depois reduz a fatia.
- Em Pecém, esse passo já está ocorrendo com a chegada da Posco - disse.
Fonte: O Globo